sábado, 20 de junho de 2009


NOSTALGIA
Clívio


É noite. Uma bela e enluarada noite. As estrelas, tão belas, embelezam ainda mais o céu, colorindo a noite ainda mais, ainda mais. O mar ao longe, com sua ondas brilhantes, deixando espumas sobre a areia, em seu vaivém constante.
Tiro os sapatos e começo a caminhar pela areia ainda quente, restos do dia.
Sento-me ali, na areia, e fico pensando, pensando. E o pensamento voa. Voa bem longe, e volta, volta bem longe no tempo. Nos tempos de criança a brincar. Nas primeiras escolas, nas primeiras professoras. Nos tempos de juventude, a viver, a sonhar, a vadiar. Tempos de construir o mundo e a vida. E nesta viagem encontro com os rostos novos, bem novos de velhos amigos. E, recomeçamos as nossas conversas bem antigas, já passadas. Já ultrapassadas, incompreendidas, assim meio sem nexo nem vontade. Nosso riso feliz, compartilhado. No coração, a chama da esperança, não no hoje, nem no ontem, mas no amanhã, que a nossos olhos se descortinava tão cheio de promessas. As mais belas, as mais belas. Ah! Se eu soubesse; porque pensar dias melhores, se aqueles eram tão bons, tão melhores?
A luz elétrica que se acabava as 22:00 horas, ainda me enche de angustia o peito mais velho de hoje. Não sei porque.
Velhos amigos, de caras bem novas, conversas tão antigas que nem lembro mais. Volto a rever as namoradas, jovens moças, tão belas, tão amadas, tantas juras trocadas, lembranças tão amadas com quem ainda troco carinhos perdidos. Doces rostos a relembrar a ilusão de cada dia. Momentos inteiros, hoje tão perdidos na distância do tempo. São somente lembranças vagas em minha cabeça adulta de hoje . Adulta? Em que?
Onde nesta imensa caminhada, nesta busca frenética do amanhã glorioso, da promessa trocada, da esperança firmada, deixei cair o véu?
Pouca coisa existe aqui deste lado, e as lembranças antigas, mas ainda quentes, não condizem com o espírito aventureiro de caminhar, caminhar para a frente. Hoje efetivamente estou muito na frente. Sinto nas rugas, na flacidez dos músculos e da pele, nos poucos cabelos já bem embranquecidos. Com certeza, aquela bela alma juvenil, também envelheceu. Não sobraram aqueles amigos, nem as amadas, nem os sonhos, que hoje, como sombras irrealizadas pesam sobre meu peito. O que busquei? o que perdi ? Não sei, não sei. Parece que de tudo aquilo só sobrou o mar com sua ondas no eterno vaivém, vem-vai, vaivém...

Sonhar é preciso.
Clívio

A sociedade não tolera a inutilidade. Tudo tem que ser transformado em lucro. As pessoas estão tendo que passar no moedor de carne. Pelos discos furados, as redes curriculares, seus corpos e pensamentos vão passando. Todas são transformadas em uma pasta homogênea. Estão preparadas para se tornarem socialmente úteis. Pela formatura, ficam todos iguais, moldados pela mesma forma. Os jovens estão indo para os vestibulares. O moedor foi ligado. Dentro de alguns anos estarão formados. Serão profissionais. E o que é um profissional se não um corpo que sonhava e que foi transformado em ferramenta? As ferramentas são úteis. Necessárias. Mas, que pena, não sabem sonhar...
Quem era Leonardo? O da Vinci? Pintor, musico,, arquiteto, poeta, engenheiro, geólogo, biólogo.. Todas essas coisas. Dentro de seu corpo vivia um universo. Homem universal, ele foi a encarnação, num único corpo, do ideal da Universidade como lugar onde os homens se reúnem para, dando asas à imaginação, encontrar o deleite da visão, na compreensão e na harmonia com o mundo.
Hoje, a expressão Controle de Qualidade, ficou sendo uma expressão da moda. O que ele significa é muito simples: há de haver mecanismos que garantam que o produto final desejado esteja o mais próximo possível da perfeição com que ele foi idealizado.Mas acontece que o que estamos vendo vai além disso. A parte mais importante não é o controle de qualidade, mas o controle da qualidade do pensamento. É do pensamento que nascem os produtos. O mundo começa não na maquina , mas na inteligência.Por isso é que ao lado dos mecanismos de controle técnico, as organizações, de há muito, aprenderam que é preciso controlar o pensamento. Em seu livro “ O Homem Organização”, William H. Whyte Jr. Descreve tal processo como a domesticação de um gênio. O cientista deve abandonar sua imaginação divagante que o leva a andar pelos caminhos do seu próprio fascínio e tornar-se uma função dos objetivos determinados pelos interesses da instituição que o emprega. Ou seja, controle de qualidade do pensamento é cortar as asas da imaginação a fim de que se marche ao ritmo dos tambores institucionais. O pensamento se tornará excelente ao preço de perder sua liberdade. Quanto a Leonardo da Vinci, com certeza terá que contentar-se em permanecer desempregado.
O corpo é o lugar onde mora adormecido , todo o universo. Como na terra moram adormecidos os campos e suas mil formas de beleza, e também as monótonas e previsíveis monoculturas; como na lagarta mora adormecida uma borboleta; como em obedientes funcionários, moram Leonardos que voam pelo espaço sem fim dos sonhos...
Tudo adormecido...o que vai acordar é aquilo que a Palavra vai chamar. As palavras são entidades mágicas, potencias feiticeiras, poderes bruxos que despertam os mundos que jazem dentro dos corpos, num estado de hibernação como sonhos. Nossos corpos são feitos de palavras... assim podemos ser príncipes ou sapos, borboletas ou lagartas, campos selvagens ou monoculturas, Leonardos ou monótonos funcionários. Ao fim do processo biológico nossos corpos são um caos grávido de possibilidades, à espera da Palavra que fará emergir de seu silencio, aquilo que ela invocou. Um infinito e silencioso teclado que poderá tocar dissonâncias sem sentido, sambas de uma nota só , ou sonatas com suas incontáveis variações; A este processo mágico pelo qual a Palavra desperta os mundos adormecidos se da o nome de educação, formação, treinamento. Poucos se dão conta de que fascínio se encontra no poder da palavra, para fazer as metamorfoses do corpo. É no lugar onde a palavra faz amor com o corpo que começam os mundos...
Mas é preciso não ter ilusões. A palavra pode representar um feitiço que nos faz esquecer o que ou quem somos. A fim de criar-nos à imagem e semelhança de um outro. Não importa o nome que se dá a esse outro, para quem as pessoas são moldadas. Não importa o retorno econômico que se possa obter no fim do processo. Permanece um fato fundamental: que ele só se realiza ao preço da morte dos universos que um dia viveram, como possibilidades adormecidas no corpo das pessoas: todo Leonardo deve transformar-se em funcionário, toda borboleta em lagarta , todo campo selvagem em monocultura... Não é de se admirar portanto, que as pessoas passem sua vida com a estranha sensação de que não era bem aquilo o que desejavam, Elas foram transformadas em algo diferente dos seus sonhos e essa traição condenou-os à infelicidade.
É com este material humano que as empresas, que Recursos Humanos vão ter que lidar. É à partir dessa constatação da infelicidade humana que os programas deverão ser elaborados. É a única esperança de que possamos um dia vir a ver imagens sorridentes, alegres, contentes, felizes de pessoas indo para o trabalho. Sem enfado, sem enjôo, sem preguiça, mas com vontade e sobretudo sem medo de seu próprio dia, nem do amanhã.






















MARIPOSAS E CINDERELAS
Clívio

Nestes dias, passei algum tempo, em frente a uma belíssima loja de calçados, observando o comportamento das pessoas, e saboreando as delicias que o cotidiano nos mostra.
A vitrine, iluminada com luz néon, realçava com muita beleza tudo aquilo que ela exibia: calçados de todos os tipos e modelos, verdadeiras molduras para os pés. E era ali que as mulheres, tal qual mariposas, iam aderindo ao vidro , para poder observar melhor toda aquela beleza, para elas cheias de encantamento, Seus olhos atravessando o vidro, quase podiam tocar aqueles calçados, e em sua imaginação via-os um a um colocados em seus pés de princesa.
E neste momento, via de regra, ocorria a grande metamorfose: as mariposas, já muito indóceis e ansiosas, desgrudavam-se do vidro da vitrine e adentravam a loja, transformando-se em cinderelas. Cinderelas ansiosas por pegar aquelas maravilhas nas mãos e sobretudo, graça das graças, vesti-los e senti-los em seus pés.
E pudemos ver ainda cenas mais pitorescas, como aquela em que varias, exibiam para as vendedoras a beleza do calçado nos pés grandes, esquecendo-se totalmente de observar que metade do calcanhar estava sobrando, do lado de fora mesmo. Mas elas, felizes asseguravam que aquele sim era o seu tamanho, já preparando-se para leva-los para si. Pobres cinderelas, felizes mas corrompidas pela escravidão social, que pune aquelas com pés maiores. Criaram o estereótipo de que elegância é prerrogativa só das pessoas de pés pequenos . Quanta crueldade. E não aparece nenhum grupo de psicólogos e terapeutas , identificados com as verdades essências do povo, para em manifesto ir procurando romper essa crença tão nefanda, utilizando todos os recursos da mídia, para isso.
Outra ainda, após a escolha, difícil pela variedade daquilo que existe, e de se saber verdadeiramente qual aquele que mais se identificava com seu sonho, informar timidamente a vendedora: “ olha , meu marido não pode saber que estou comprando mais esse, senão ficará muito zangado comigo”. E isso se ouve com freqüência, mesmo que ela seja a dona daquele dinheiro, seja ela que com seus próprios recursos esteja presenteando a si mesma com aquilo que seu companheiro tirano, não tem a mínima sensibilidade para perceber. Outra tirania também cultural, perpetrada por verdadeiros vilões que sem perceber o gosto e a felicidade da mulher, bem ao alcance das mãos ( e dos pés), prefere posar de senhor provedor, a quem um gosto, um sonho satisfeito, que ele não consegue perceber, representa talvez um marco em sua vida e sobretudo uma garantia de que ela viverá mais e melhor.
Muitas vezes também, as cinderelas, já com seus pés abrigados, adornados e enfeitados por tanta beleza, fruto de escolha própria, pulam no pescoço de seus companheiros, beijando-os, como se o fato daquela compra representasse uma grande conquista. Até poderíamos nos surpreender com tanto ufanismo por tão pouco, mas estamos enganados. A felicidade estampada no rosto das cinderelas é indizível e nunca aquilo que pensamos pouco, seria capaz de despertar tamanha alegria e até gratidão.
E por último ainda aquelas que conseguem arrastar para dentro da loja, o companheiro, feito naquele momento de rara felicidade, seu assessor de moda, seu orientador de beleza, aquele que irá balizar e avalizar sua escolha , tornando-a duplamente feliz: por estar junto de e ao fazer sua vontade, alegra-la com aquele presente, invólucro de sonhos.
Certamente, essas cenas,se vistas por um José de Alencar, revivido, fariam-no dizer: que lindas patas de tantas gazelas para apreciar e doravante, não só um livro terei escrito, mas um grande tratado acerca da enorme beleza desses maravilhosos pés destas verdadeiras cinderelas.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Mundo moderno


O mundo científico e tecnológico vem desenvolvendo-se de maneira surpreendente, e necessitamos estar muito atentos a isso tudo, para termos pelo mernos noções do que vem ocorrendo neste maravilhoso “mundo novo” e globalizado.
Houve época há pouco tempo atrás, onde as informações eram mais estáticas, o que trazia um certo conforto para a nossa cultura e aculturamento. Por exemplo, sabíamos historicamente que o Brasil foi descoberto no dia 22 de Abril de 1500, por Pedro Álvares Cabral. Hoje isso alem de ser questionável ainda nem se pode afirmar categoricamente que a data da descoberta está correta. Alias, hoje muitos historiadores estão datando as ocorrências históricas colocando datas próximas e alternativas para os fatos históricos. Não se iludam se nestes próximos dias aparecer nos livros que o Brasil foi descoberto entre 1498 e 1502. Do dia exato nem se falará mais. E, Pedro Álvares Cabral, ...talvez...
O mesmo ocorre com as invenções que já marcam nosso tempo há pelo menos dois séculos. Por exemplo, já não se pode afirmar categoricamente ter sido Guglielmo Marconi o inventor do rádio. A história já registra uma série de inventores como Alexander Popov e até o padre brasileiro, Roberto Landell de Moura, que já está aparecendo com resultados dessa invenção pelo menos dois anos antes de Marconi. E isso também vale para as demais invenções .
Uma outra característica que se pode notar nos eméritos cientistas desse período é que foram ecléticos em suas invenções, descobertas e participações em trabalhos científicos.
Assim chamou-me a atenção a necessidade de que nós, utilizando-nos dessa maravilha moderna chamada Internet e os Google’s e Yahoo’s por extensão ( que apresentam inúmeros sites de pesquisa) estejamos interessados em fazer nossa pesquisa de forma intensiva e exaustiva, procurando “esgotar” o assunto; e mais que isso, termos uma sólida cultura de base para podermos ter critérios válidos e adequados para a validação dessa pesquisa. Isso é a meu ver, fundamental.
Estou levantando essas questões pois fui surpreendido por algumas respostas em provas que apliquei a alunos, e felizmente apenas uma minoria acabou confundindo muitas coisas. As questões versaram sobre um dos “criadores” do Pragmatismo. Na pauta era John Stwart Mill. Mas poderiam ser vários outros. Alguns alunos responderam como sendo Charles Sanders Peirce, o que também estaria certo. Digo estaria, pois o Peirce , alem disso, dedicou a maior parte de seu tempo trabalhando com o que ele mesmo denominou de Semiótica, tida como “ciência geral de todas as linguagens”. Mais ainda, em outra questão queríamos saber a visão do pragmatismo de um outro cientista, o John Dewey. Ocorre que o Dewey era também um educador, e dedicou muito de seu tempo e capacidade no estudo e desenvolvimento da educação infantil.
E é ai que eu provo a minha tese, pois alguns alunos misturaram pragmatismo com Semiótica e pragmatismo com educação infantil. Foi uma pena, mas levantou para mim a necessidade de enfatizarmos junto aos alunos a necessidade não apenas de se fazer pesquisa na Internet, mas sobretudo de estar muito preparados para isso.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

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GUARUJÁ A ILHA DO SOL

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